Written by Augusto dos Anjos / Thiago Chakan
Intro A9 F#m11 D9 E A9 F#m11 D9 E Soneto I - A meu Pai doente A9 F#m11 Para onde fores, Pai, para onde fores D9 E Irei também, trilhando as mesmas ruas D9 E Tu, para amenizar as dores tuas Bm E A9 F#m11 D9 E Eu, para amenizar as minhas dores! A9 F#m11 Que coisa triste! O campo tão sem flores D9 E E eu tão sem crença e as árvores tão nuas D9 E E tu, gemendo, e o horror de nossas duas Bm E A9 F#m11 D9 E Mágoas crescendo e se fazendo horrores! D9 E F#m11 A9 Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria Bm7 E A9 F#m11 Indiferente aos mil tormentos teus D9 E A9 F#m11 De assim magoar-te sem pesar havia! D9 E F#m11 A9 — Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim Bm7 E A9 É bom, é justo, e sendo justo, Deus F#m11 D9 E A F#m11 Deus não havia de magoar-te assim! D9 E A F#m11 Deus não havia de magoar-te assim! D9 E A F#m11 D9 E Deus não havia de magoar-te assim! ( A9 F#m11 D9 E ) A9 F#m11 D9 E Soneto II - A meu Pai morto A9 F#m11 Madrugada de Treze de Janeiro D9 E Rezo, sonhando, o ofício da agonia D9 E Meu Pai nessa hora junto a mim morria Bm E A9 F#m11 D9 E Sem um gemido, assim como um cordeiro! A9 F#m11 E eu nem lhe ouvi o alento derradeiro! D9 E Quando acordei, cuidei que ele dormia D9 E E disse à minha Mãe que me dizia Bm E A9 F#m11 D9 E (Acorda-o!) deixa-o, Mãe, dormir primeiro! D9 E F#m11 A9 E saí para ver a Natureza! Bm7 E A9 F#m11 Em tudo o mesmo abismo de beleza D9 E A F#m11 Nem uma névoa no estrelado véu D9 E F#m11 A9 Mas pareceu-me, entre as estrelas flóreas Bm7 E A9 F#m11 Como Elias, num carro azul de glórias D9 E A F#m11 Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu! D9 E A F#m11 Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu! D9 E A F#m11 D9 E Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu! ( A9 F#m11 D9 E ) A9 F#m11 D9 E Soneto III - Ao sétimo dia de seu falecimento A9 F#m11 Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra D9 E Em seus lábios que os meus lábios osculam D9 E Microrganismos fúnebres pululam Bm E A9 F#m11 D9 E Numa fermentação gorda de cidra A9 F#m11 Duras leis as que os homens e a hórrida hidra D9 E A uma só lei biológica vinculam D9 E E a marcha das moléculas regulam Bm E A9 F#m11 D9 E Com a invariabilidade da clepsidra! D9 E F#m11 A9 Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos Bm7 E A9 F#m11 Roída toda de bichos, como os queijos D9 E A F#m11 Sobre a mesa de orgíacos festins! D9 E F#m11 A9 Amo meu Pai na atômica desordem Bm7 E A9 F#m11 Entre as bocas necrófagas que o mordem D9 E A F#m11 E a terra infecta que lhe cobre os rins! D9 E A F#m11 E a terra infecta que lhe cobre os rins! D9 E A F#m11 D9 E E a terra infecta que lhe cobre os rins! Final A9 F#m11 D9 E
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