Written by Sueli Costa
Eu tenho zumbi, besouro o chefe dos tupis Sou tupinambá, tenho erês, caboclo boiadeiro Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris Zarabatanas, curarês, flechas e altares A velocidade da luz no escuro da mata escura O breu o silêncio a espera Eu tenho Jesus, Maria e José Todos os pajés em minha companhia O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos O poeta me contou G Am Não mexe comigo que eu não ando só D7 G Eu não ando só, eu não ando só Não mexe não Não misturo, não me dobro a rainha do mar Anda de mãos dadas comigo Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim É do ouro de Oxum que é feita a armadura que cobre o meu corpo Garante meu sangue, minha garganta O veneno do mal não acha passagem E meu coração Maria acende sua luz e me aponta o caminho Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã Giro o mundo, viro, reviro, tô no recôncavo, tô em face Voo entre as estrelas, brinco de ser uma Traço o cruzeiro do sul, com a tocha da fogueira de João menino Rezo com as três Marias Vou além me recolho no esplendor das Nebulosas Descanso nos vales, montanhas, durmo na forja de Ogum Mergulho no calor da lava dos vulcões, corpo vivo de Xangô (G) D7 G Não ando no breu nem ando na treva D7 G E7 Não ando no breu nem ando na treva Am D7 G E7 É por onde eu vou que o santo me leva Am D7 G É por onde eu vou que o santo me leva D7 G Não ando no breu, nem ando na treva D7 G E7 Não ando no breu, nem ando na treva Am D7 G E7 É por onde eu vou que o santo me leva Am D7 G É por onde eu vou que o santo me leva Medo não me alcança, no deserto me acho Faço cobra morder o rabo, escorpião virar pirilampo Meus pés recebem bálsamos, unguento suave das mãos de Maria Irmã de Marta e Lázaro, no Oásis de Bethânia Pensou que eu ando só? Atente ao tempo Não começa nem termina, é nunca, é sempre É tempo e reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra Fulmina o injusto, deixa nua a justiça (G) G D/F# Em Eu não provo do teu féu, eu não piso no teu chão D G D Bm E pra onde você for, não leva o meu nome, não E7 Am D G E pra onde você for, não leva o meu nome, não G D7 G D/F# Em Eu não provo do teu féu, eu não piso no teu chão D G D G E pra onde você for, não leva o meu nome, não D G D G E pra onde você for, não leva o meu nome, não Onde vai, valente? Você secou, seus olhos insones secaram Não vêem brotar a relva que cresce livre e verde longe da tua cegueira Seus ouvidos se fecharam à qualquer música, qualquer som Nem o bem, nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe Você pisa na terra mas a sente, apenas pisa Apenas vaga sobre o planeta E já nem ouve as teclas do teu piano Você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona Não tem alma... você é o oco do oco, do oco, do sem fim do mundo (A) O que é teu já tá guardado Não sou eu que vou lhe dar Não sou eu que vou lhe dar Não sou eu que vou lhe dar O que é teu já tá guardado Não sou eu que vou lhe dar Não sou eu Eu posso engolir você, só pra cuspir depois Minha fome é matéria que você não alcança Desde o leite do peito de minha mãe Até o sem fim dos versos, versos, versos Que brota do poeta em toda poesia sob a luz da lua Que deita na palma da inspiração de Caymmi Quando choro, se choro É pra regar o capim que alimenta a vida Chorando eu refaço as nascentes que você secou Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio Vivo de cara pra o vento na chuva e quero me molhar O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito Sou como a haste fina que qualquer brisa verga Mas nenhuma espada corta Não mexe comigo que eu não ando só Que eu não ando só, que eu não ando só Não mexe, não